domingo, 25 de abril de 2010

Coluna Thoni Litsz na revista OGGI Sudamérica


Inicialmente os desfiles de carnaval na Sapucaí eram sempre linkados a algum escândalo envolvendo pouquíssima ou nenhuma roupa, aliás, alguns carnavalescos se tornaram famosos na década de 80 e 90 por causarem polêmica diminuindo cada vez mais o tapa sexo... E muitas vezes ele nem mesmo existia. Ou era eliminado no decorrer dos desfiles. Algumas alas das escolas possuíam integrantes que trajavam modelitos sem muito tecido, mas muitos adereços que roubavam o olhar do público para o todo da fantasia, compondo assim com muitas cores alegres e movimentos frenéticos a arquitetura do carnaval. Os ornamentos arquitetônicos se resumiam as plumas e paetês, chapéus, resplendores e adereços em pontos estratégicos disfarçando a quase nudez do corpo. Suas vestimentas pontuam os pulsos, pescoço, costas e cabeça, e não escondem o que todos querem ver as lindas musas que fazem à alegria do carnaval e criam vida na avenida, tornando a festa ainda mais bela. Não importa a quantidade de tecido empregado na confecção de fantasias. Podendo usar tudo, desde as mais ornamentadas com brilhos e pedras até as mais simples... A reciclagem de materiais também é notada no carnaval entre as escolas que usam garrafas pet e copos descartáveis para decorar alguns carros e muitas alas tem suas bases dentro da sustentabilidade e reaproveitamento de materiais. Os anos se passaram e as fantasias e sambas evoluíram, carros alegóricos hoje são animados com pessoas em movimento que constrói um belo visual que muda a cada instante, um tema muito presente este ano na Escola de Samba Unidos da Tijuca. Esta mesma apostou com tudo na evolução, na mudança, na rapidez de movimentos e trocas de roupas como passe de mágica. Isto transformou a escola em vencedora absoluta do carnaval e tornando seu carnavalesco o mais novo sucesso no que diz respeito a construção de uma alegoria vanguardista. A apresentadora e atriz Babi Xavier desfilou como musa da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e sua maratona foi de muita disciplina, força de vontade, malhação para agüentar o ritmo frenético da Avenida compondo o quadro arquitetônico da sua escola. A arquitetura também está explicita nos camarotes das escolas de samba como é o caso do decorador Chico Vartulli que a quatro anos providencia todos os quesitos necessários para um camarote digno de um presidente, ele nos conta como foi a sua empreitada na Unidos de Vila Isabel.“É PRECISO MUITA DETERMINAÇÃO E FORÇA DE VONTADE, POIS TEM MUITOS OBSTÁCULOS PELA FRENTE E DÁ UM BOM CONFORTO AOS CONVIDADOS. PARA AGRADAR OS DIRETORES A DECORAÇÃO TEM QUE TER MUITO ENVOLVIMENTO COM O ENREDO DA ESCOLA.” Diz Vartulli. A Atriz Vera Gimenez nos brilha no carnaval carioca desfilando na Grande Rio a vinte anos seguidos e diz: “cada ano é uma surpresa, mas o ano que eu fiquei maravilhada foi quando sai a 1ª vez no carro jardim suspenso da babilônia em 1982, criação do Joãozinho 30 para a escola de samba Beija Flor de Nilópolis”. Segundo Vera todo carro alegórico é seguro se for feito como se deve, mas em termos de destaque o que mais se destaca não é o carro mais rico, nem mesmo o maior, e sim os mais criativos. Outro ponto importante para que uma escola se torne campeã é que as pessoas se preocupem em aprender o samba enredo da escola que estão compondo, e não se preocupar tanto em aparecer na TV, apenas lutar para dar o melhor de si para tornar sua escola campeã.

Texto Thoni Litsz

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